
Diário de Mombasa: domingo, dia 07 de Setembro – SAFARI´s DAY
Acordei com o telefone tocando, são 4horas da manhã e marcamos de sair em meia hora. Mesmo com um pouco de preguiça dou um salto e começo a arrumar minha bolsa, uma toalha, um shorts, cueca e meias extras, um livro, mp3, uma toalha de rosto, 2 chapéus e 1 boné, um dicionário, um pacote de pipoca, uma barra de cereal, um saco com balas de banana, 2 garrafas de água congelas, 01 garrafa de suco de laranja também congelada e uma pequena necessarie com protetor solar, repelente, sabão liquido e sabonete, uma escova de dentes e creme dental, band-aid e um rolo de papel higiênico. Ah! Esqueci uma cartela de aspirina. Eu estou vestido feito gringo: bermuda de tec-tell cargo preta, minha camisa feita de fibra de garrafa pet, uma camisa xadrez em cima dela e um chapéu tipo australianos (cata-ovo), que por acaso ganhei de um australiano, tênis e meias brancas. Tentei tomar outro banho para despertar, mas estava sem água quente, então só renovei o desodorante... E fomos para recepção, encontrar nosso amigos mexicanos que foram conosco na jornada, chegando lá o guia disse que precisava que pagássemos em chash, porque ele tinha que pagar a entrega no parque e a refeição (eu tenho um capitulo a parte sobre esse último ponto). Volto ao quarto para pegar os dólares, confesso que naquele momento o preço era um pouco alto para mim, mas tudo bem, não sei quando voltarei para África, tão cedo (queira Deus, que seja bastante cedo). Saímos os 4 do hotel Sun and Sand, com destino ao Parque Nacional de Mombassa. Ainda tem estrelas no céu, e uma lua minguante. Alguns minutos depois paramos em outro Resort, pois tínhamos companhia. Um ucraniano chamado Yuri, polako, branquelo de olhos bem azuis, tava vermelho feito camarão frito, e vestido muito estranhamento, usava um chapéu de palha verde, que tinha um buraco no topo da cabeça e quando ele colocava apertado na cabeça os cabelos pulavam pra fora como se fosse um ninho de passarinho. Durante o caminho víamos muito bares e boates ainda abertos. Nas estradas homens vendem sacos grandes de carvão, eles produzem de forma caseira e vendem nas rodovias para fazendeiros e gringos que tem casas nessa localidade. Mulheres carregam latas de água na cabeça, com vestidos com cores tão vivas e desenhos (alguns simétricos e outros assimétricos, alguns geométricos outros flores) que nem uma brasileira mais descolada teria coragem de usar. O guia comentou comigo, que existe uma invasão de gringos em Mombasa, muitos vêem e constroem casas de veraneio outros, abrem comércios, enfim, nada diferente do que acontece no Brasil. Meu café da manhã ainda na VAN é uma barra de chocolate (Snickers), uma barra de cereal e a garrafa de suco que eu tinha congelado. Ah! Importante registrar que tive a mesma sensação de medo do dia que cheguei, lembra do carro com a mão inglesa (do lado direito do carro) então nosso novo motorista dirigia um pouco mais ousado do que o taxista que nos levou ao hotel. A vegetação vai mudando na medida que vamos, nos aproximando das zonas dos parques. Aprendi a diferença entre Agreste e Caatinga. Gados e cabras para os lados, em diferentes números, algumas fazendas dava até para contar a quantidade de criação em outras era simplesmente parecida com grandes fazendas de gado no Brasil. Outra coisa que me intriga é a proporção de igrejas, depois escolas primárias e secundárias e alguns postos de saúde, vou perguntar sobre isso, para a oficial da VM aqui. Entramos no Parque. Descubro que tem várias entradas, essa era só a primeira, onde fica uma loja de artesanato que também é uma lanchonete improvisada. Tiro algumas fotos, mas não compro nada. Seguimos para a segunda entrada, na esquina um totem de um rinoceronte com as informações NATIONAL PARK EAST - MOMBASSA, que na verdade fica no condado de TSAFO, na cidade de VOI, e entramos no lado LESTE do Parque. Nesta entrada do parque figuras de rinocerontes desenhadas em metal no portão, e também, uma cortina de fios elétricos, que o guia me disse que é para conter os animais, para eles não saírem do “cercado” parque. O mapa custa U$ 15, achei caro e não comprei. Somos recebidos por uma família de BABUÍNOS, que andam de um lado para o outro, curiosos pelo carro e os flashes das câmeras. Ao entrarmos na terceira e última entrada do parque, ou seja, na estrada principal, alguns pequenos e simpáticos ESQUILOS, vem nos dar saudações, chegam até perto do carro, olham durante alguns minutos e voltam correndo para as árvores (sinceramente acho que são domésticos e esperam por comida). Antes de seguirmos o guia levanta o topo da VAN, para que possamos ficar de pé dentro do carro. Seguimos em direção a grande savana que se revela de forma espetacular em nossa frente, as montanhas são simplesmente espetacular, cores, formatos e tamanhos diferentes. Durante um minuto resolvo sentar e começo a olhar para as árvores, a grama oras verde outra seca, e de muito longe avisto LEOAS... sim 3 LEOAS. Todo mundo fica simplesmente admirado com eu consegui enxergar de tão longe as LEOAS, o guia também se diz muito surpreso dizendo que não era normal um gringo enxergar um animal à tamanha distância. Enfim, gastamos algum tempo ali admirando as LEOAS que descansavam sob uma árvore. Impossível não lembra da música:
“In the jungle, the quiet jungle, the LIONS sleep tonight...
In the jungle, the mine jungle, the LIONS sleep tonight...
HAWI MAWE,
HAWI MAWE,
HAWI MAWE,
HAWI MAWE”
Daquele mesmo local, avisto girafas, mais a frente um antílope solitário (com fins pedagógicos vou chamar todos os animais que parecem um antílope de antílope... rsrs ...). O guia me explicou que existem 3 tipos de antílopes, 3 tipos de girafas (com manchas e “chifres” diferentes) e 3 tipos de elefantes. Neste momento eu estou muito, mas muito emocionado, é indescritível observar tanta natureza e a imensidão dessa natureza a minha frente, neste momento, não consigo conter as lágrimas, viro de costas para os demais amigos do carro e as lágrimas vêem, junto a um sorriso... é um sentimento muito diferente de tudo que já senti agora.
“A vida é breve
A Alma é vasta” ...
Meu, tudo é muito grande, a beleza, o local, os animais...
“Pensar é estar
Doente dos olhos” (FP)
Enfim, continuemos... um pássaro muito grande está logo a nosso frente, ele parece um faisão tamanho “XL”, ao longo do parque vimos alguns, mas são os últimos segundo o guia. Outros passarinhos também nos chamam atenção, um deles com um azul tão brilhante em suas asas, outro que parece o nosso canarinho, e outro ainda que parece uma bola de futebol, daquelas antigas em preto e branco, por falta de nomes e-ou de conhecimento e-ou ainda por simplesmente não entender o nome em inglês, começamos a re-batizar os nomes de alguns animais. Ah! Veados também são mais de 5 tipos, uma espécie bem pequena como que menos de um metro de altura, outra que são os “Bambis” – sim aqueles do Desenho da Disney – outros maiores que saltam muito, outros ainda com chifres gigantes e outros ainda do tamanho de um cavalo com cara de cavalo e com chifres – não, não são unicórnios... rsrs.. As árvores são um show a parte, uma mais linda que a outra, algumas centenárias nomeio do nada, simplesmente ela está lá gigante, no meio do campo aberto. Outras menores todas arranhadas ou retorcidas pelos elefantes. Falando neles logo a frente encontramos alguns que logo correm para dentro da floresta. Estamos no lado das florestas. Paramos em um acampamento para um “refrigério” e ir ao banheiro. O guia explicou que é permitido acampar no parque, mas que uma família de até 5 pessoas, tem 3 guardas do parque junto a eles a todo tempo. O turno da manhã dura umas 4 horas. Vamos almoçar na cidadezinha de VOI. Durante o caminho alguns nativos daquela tribo dos “homens que saltam” – eu já falei sobre eles outro dia. Algumas crianças também estão na estrada pedindo dinheiro. Vi uma feira popular, lembra a feira de escambo do Capão. Algumas escolas, um posto de saúde, várias igrejas. Dentre as placas e outdoors, um pequeno dizendo que ali tinha um PDA da VM. Chegamos no restaurante que era bem pequeno e simples. Estava com medo de comer, de tanto que o povo tava falando. Então comi arroz, carne moída no molho de tomate e frango assado, pão e duas coca-lights. A comida não é muito boa, falta tempero e sal, mas sinceramente, estou na África fazendo um Safári, então meu paladar apurado pode esperar um pouco. Estava com tanta fome, que tive que repetir... rsrs... enfim... tudo vale a pena nesse momento... ah! não comi a salada!!! O gringo que estava com a gente comeu de tudo um monte, depois pudemos “ouvir” o resultado no banheiro. Voltamos ao parque, mais Babuínos na entrada. Agora vamos fazer um caminho em outro sentido. De manhã tive uma impressão de darmos a volta inteira no parque e agora estamos indo pelas estradas pelo meio do parque. Agora sim, muitos elefantes, uma família de elefantes ao nosso lado, com uns 4 filhotes e suas respectivas mães. Elas estavam um pouco agitadas e nervosas, segundo o guia então paramos longe para observar eles tomarem banho. É muito engraçado, e ao mesmo tempo lindo a maneira como as mães ensinam os filhotes a se banharem. Esses eram chamados de elefantes vermelhos, porque eles se molham e rolam no chão de terra vermelha, isso é um mecanismo para protegê-los contra insetos e parasitas. Logo a frente, de longe observo ao que lembra cavalos, mais chegando mais perto são elas as ZEBRAS, charmosas e vestidas de pijama. Sim algumas vestidas com pijamas brancos com listras pretas e outras ainda com pijamas pretos com listras brancas. São várias, um monte... pequenas, grandes, gordas, magras, mas todas muito lindas... parece que não são de verdades, nunca tinha visto uma zebra tão de perto, na verdade não me lembro de ter visto alguma zebra antes. É incrível, tem horas que você duvida que seja de verdade e dá vontade de tocar para checar de é verdade. Mas fomos claramente advertidos, se alguém saísse do carro, o passeio acabava no mesmo instante. Cupinzeiros enormes estão espalhados por toda parte, e perto de um deles consegui ver suricatos ou seria lêmures, enfim, estão tão longe que não pude observar precisamente, mas sabia que era uma ou outra família desse fantásticos roedores comedores de insetos. Falando nisso, advinha o que vimos “Pumbas”, sim javalis, vários deles, vermelhos e sujos. Foi difícil tirar fotos, eram muito assustados. Sem dúvidas começamos a cantar:
“Os seus problemas,
você deve esquecer,
isso é viver,
é aprender
HAKUNA MATATA”
(means: “No Problem”)
Quem assistiu Timão e Pumba ou o Rei Leão, vai entender essa automática associação.
O turno da tarde dura mais quase 3 horas e quando estávamos saindo do parque, avistei de longe um grupo assustado de veados e logo a frente “Cheatas” (algo parecido com leopardos) uma mamãe chetara com seus dois filhotes atravessam a rua a poucos metros do nosso carro. Novamente o guia diz, que estávamos com muita sorte, na entrada leões e na saída cheteas, que também estavam em extinção no parque. Mais a frente outro grupo de javalis descansam em baixo de uma árvore e outro passaro gigante parecendo um pavão cinza é avistado a poucos metros do carro. Saindo do parque, voltamos à lanchonete-loja de artesanatos, para usar banheiro, lavar o rosto que estava vermelho da poeira, e tomar uma cerveja, para celebrar aquele dia, que foi simplesmente fantástico. Dormi no carro durante alguns minutos. Ao acordar sou entretido ouvindo todas as histórias de aventuras da minha amiga de trabalho. Os mexicanos dormem a viagem toda e o gringo ta lá com seu ninho na cabeça. Passamos pela cidade de Mombasa na volta, muita gente na rua, um grupo de quase 100 pessoas bem vestidas está com suas bíblias caminhando para a igreja. Vi feiras de rua, as pessoas vendem de tudo de tomate a tecido para roupa, de chinelo até uma sopa que ele cozinham numa trempe no chão. Dentre as igrejas, encontro uma mesquita, pintada de rosa e com uma arquitetura indiana espetacular. São quase 18h e estamos chegando em nosso hotel, mas antes entregamos o gringo no hotel que ele estava. Chegamos no nosso hotel eram quase 19h da noite. Vou tomar banho e a água que sai do meu corpo é vermelha feito à cor da terra nas costas dos elefantes. Estou com um pouco de dores nas pernas, por ter ficado de pé o dia todo, meus braços, mesmo com protetor, estavam bastante queimados do sol; a roupa que estou usando está muito suja. Vou para cama às 21h, antes disso passo alguns torpedos para o Brasil, para contar aos amigos sobre a aventura. Obrigado(a) por vocês estarem aí do outro lado! Obrigado a Deus, por ter feito tantas coisas belas. Sinceramente todas as pessoas deveriam fazer um SAFARI pelo menos uma vez na vida! Sem dúvida nenhuma, foi à experiência – aventura – mais significante de toda a minha vida! Mesmo que eu me desafiasse a escrever mais 100 páginas descrevendo cada cor, cheiro, cada sentimento, com mil adjetivos e um milhão de substantivos e bilhões de predicados não conseguiria descrever, nem de longe como foi a experiência que tive hoje e que com certeza, está marcada de forma indelével em minha alma.
Obrigado Amigo-Google por me proporcionar essa oportunidade,
Obrigado a minha rommie, eterna amiga e companheira,
Obrigado BB, por ser o cara que mais me apóia e me incentiva a fazer essas loucuras.
“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.” (FP)
“Tenho algo em comum com Fernando Pessoa – Tenho urgência de viver”