quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Diário de Mombasa: quarta-feira, restante do dia 03 de setembro

Diário de Mombasa: quarta-feira, restante do dia 03 de setembro

Primeira coisa que preciso dizer, MOMBASA é com um “S” só, pronto já me corrigi, não tenho problemas com isso. A reunião começou britanicamente as 09h. A reflexão-matinal feita pelo inglês que vive em Camboja, foi extremamente interessante, ele conseguir fazer uma leitura estratégica de uma passagem que já li e ouvi pregações muitas vezes. Hoje começamos a fazer exercícios sobre a nossa realidade, tive a oportunidade de ter contato com metodologias e ferramentas simples e úteis (apesar deles não aprofundarem muito essa segunda característica). Nosso trabalho na América Latina, aparentemente, está mais avançado que nas outras regiões e tivemos a oportunidade de ouvir como o projeto esta se desenvolvendo em cada região e quais são os avanços e limitações de cada região aqui presente (ASIA, EUROPA, AFRICA e América do SUL). É incrível como você é forçado a todo tempo a abrir suas perspectivas, o que não é problema para nós no Brasil a muito tempo com a relação com as igrejas, por exemplo, é uma barreira muito grande em outro lugar, porém ao mesmo tempo que temos um “histórico” de construção da nossa comunidade latino-americana, temos paises que se quer foram “colonizados” como fomos e nunca passaram por questões que hoje são limitantes para todos nós. OK! Parei com essa reflexão sobre serviço, afinal o diário é para registrar a aventura da viagem e não as reflexões sobre serviço. Durante o almoço como a coordenadora da Europa e da Ásia, pudemos conversar um pouco mais sobre família, filhos e vida de solteiro e vida de casado, sempre interessante ouvir as diferentes perspectivas sobre esse assunto. A reunião a tarde foi mais um grande bate papo sobre como as experiências que vivem na América Latina, pode ou não inspirar as demais regiões. A reunião hoje acabou, incrivelmente às 15h, e fui para a piscina. É incrível como ficamos refém de trabalho o tempo todo, pois, ao sair da reunião recebi um convite para outra reunião, então devolvi a questão para a pessoa perguntando se não poderíamos fazer a noite, já que ainda tínhamos algumas horas de sol e que poderíamos aproveitá-la de forma mais produtiva... vamos aproveitar o sol e temos a noite toda para trabalhar, a pessoa refletiu durante alguns poucos minutos e disse: você tem razão, vamos fazer isso. Fomos num grupo para a piscina e outro grupo tinha planos diferentes. Após alguns minutos – deixe me explicar uma coisa aqui – entre as piscinas tem um canal, como se fosse um corredor de água, ali como bate sol o dia todo a água é mais quente e se tornou nosso lugar preferido. Somos convidados a nos juntar ao outro grupo que foi andar de kaiquê (essa é mais uma palavra para minha rommie ou meu amigo-google corrigir – please feel free!). Era algo muito desafiador e confesso que estava com um pouco de medo (na verdade era muito medo, pois não sou um exímio nadador – hoje ouvi o seguinte: “Raniere, sim ele sabe nadar, só que ele mataria afogado as outras pessoas ao seu lado, de tanta água que ele joga para cima.” – sim estou aprendendo a nadar corretamente.). Então pegamos um kaique de dois lugares, minha amiga brasileira foi comigo, éramos dois kaiques duplos e 3 individuais. Nesse momento fomos abordado por um vendedor ambulante local, que começou a conversar conosco oferecendo os produtos e em seguida perguntou de onde éramos, e ficou surpreso quando dissemos que somos brasileiros e a pergunta seguinte dele foi: vocês entendem inglês, vocês falam inglês (ponto de interrogação)... detalhe é que estávamos até então conversando com ele em inglês. Bom, voltando ao kaique, entrar nele já foi um desafio, pois ele não ficava parado dado à movimentação das ondas, então minha alternativa foi me jogar em cima dele, excelente alternativa J a princípio combinamos de remar juntos, fomos os últimos a entrar na água. Foi uma aventura, o mar é verde claro e você vê o fundo do mar. Para mim, estar ali remando e olhando aquela imensidão era uma mistura de adrenalina, alegria e superação, afinal não sou muito de me jogar sobre o desconhecido – tanto quanto aparento – estava com medo sim, mas também estava com muita vontade de viver aquele momento intensamente. Talvez o sol, a cor do mar, o cheiro, o frescor da água morna, o kaique o remo e o incentivo da galera tenham me encorajado – sim, confesso, sou medroso e avoid a esportes radicais – mas minha curiosidade de aprender me condena. Nosso kaique era o único que não ficava “retinho” tipo, ou só de frente ou só de costas para as ondas, ele sempre tava de um lado par ao outro, afinal era a primeira vez de ambos tripulantes desengonçados e completamente atrapalhados, sem falar em fora de ritmo, pois estamos rindo a todo tempo, oras eu remava demais e muito forte e minha colega só aproveitava o “embalar das ondas” ora eu aproveitava da gana dela de remar para ir descansando e algumas vezes remávamos muito. Isso me fez lembrar um monte de coisas de serviço e refletir ainda mais sobre minhas práticas atuais, porém como o diário não é para isso, vai ficar para alguma oficina, o compartilhar dessa aprendizagem – “A Liderança e O Kaique - minha primeira experiência andando de kaique e como é difícil permitir-se ser liderado”. A aventura durou somente 30 minutos, mas para quem esta no mar, a sensação de tempo é maior, pareciam oras. Voltar para a praia foi tão difícil quanto chegar pouco antes da arrebentação do mar. Foi um trabalho duro, penso que nos próximos dias meus braços e pernas, devem ficar doloridos – mas é por um bom motivo, confesso J. O grupo todo foi para a piscina, uma fala interessante foi: “poderíamos discutir os problemas aqui, pois na piscina, todos estão desarmados (não resistentes quanto na sala de reuniões.” Começo a desconfiar um pouco – de forma conveniente claro – do povo que ousa a todo tempo misturar lazer e trabalho ou trabalho e lazer – o que está certo ou errado, não sei, só sei que tento unir as coisas num balanço. A idade – eu sei é engraçado ler isso de uma pessoa de 31 anos – tem me mostrado que a vida é um constante correr atrás de balanço e equilíbrio – e olha que eu não sou a pessoa mais equilibrada nem do meu espaço micro de convivência – meu apartamento, ou a casa dos meus amigos, quem dirá no serviço ou,,,, bom deixa para lá, afinal o diário não é para fazer auto-terapia. Durante muitos anos, fiquei focado no trabalho, e jamais me passava na cabeça, ao viajar, sair para curtir e aproveitar se quer uma noite, se quer algum momento, todos os encontros se resumiam para mim em estudar, ler todo o material, elaborar questões relevantes, fazer intervenções fascinantes, enfim... (aqui caberia uma análise que fica por conta de quem está lendo, pois meu recuso a ser “óbvio”) durante os últimos dois ou três anos, é que eu tenho me permitido a aproveitar as oportunidades no seu sentido mais amplo. Juntar serviço-trabalho e lazer. Depois que a galera foi embora, minha colega e eu rachamos uma cerveja, para celebrar o dia, e para nossa infelicidade a cerveja estava “choca”. Voltei ao quarto, preparei uma banheira, com água morna e muito shampoo (ué, na falta do gel para isso, eu improvisei, até porque o shampoo que eles fornecem é bem mais ou menos), coloquei um CD para tocar e ao som do mestre Leo Peracchi e a Jazz Sinfônica, ouvi as canções de Tom e Vinícius na voz de Na Ozetti, Mônica Salmaso, Vânia Bastos, Tetê Espindola, Jade Duboc, Celine Imber e Myrian Peracchi. Descobri que um banho demorado tem sua razão de ser. Em seguida fui jantar, cheguei muito cedo o restaurante ainda estava fechado, e presenciei algo interessante, todos os garçons e garçonetes, fazem um tipo de cerimônia para iniciar o trabalho, ele entram em grupo cantando e dançando. A música é bastante harmônica e tem um ritmo dançante. Rapidamente puxei um garçom e pedi pra ele me explicar o que significava, eu consegui identificar que estava sendo cantada em Shwahili. A letra da música fala sobre a felicidade de uma família em receber o primogênito. Ele me prometeu entregar uma versão da musica impressa, em inglês e shwahili amanhã na hora do almoço. Após o jantar especial – descobri que tenho que fazer um cozido de repolho, ervilha e massala, é uma deliciaaa – tirando o efeito colateral!!!! Após o jantar – a mesa de hoje foi grande, o povo do encontro ia chegando e encostando as mesas na nossa – fui tentar responder algumas mensagens, mas fui surpreendido às 20h da noite com um sono descomunal, que me venceu, fui para o quarto deitei e dormi. Acordo a meia noite e vinte, após o telefone tocar uma vez, fiquei torcendo para tocar a segunda vez – massa, tocou – atendi e tive uma maravilhosa conversa de alguns poucos minutos com um amigo (BB+ ILY+TAM). Logo em seguida perdi o sono. Lavei uma camiseta e o shorts que ficaram completamente molhados da aventura do kaique. Nesse momento, estou na varanda do meu quarto e são quase 3 da manhã, perdi o sono, e tenho essa súbita vontade de escrever, sinto a brisa vindo do mar, através de um vento leve e carinhoso e daqui vejo sob outra perspectiva como os coqueiros são também bonitos a noite, com a piscina, a grama a luz amarela em frente ao outro complexo de apartamentos a minha frente dá um toque romântico, ou diferente a cor rosa-laranja que dominam as construções aqui no “Club Sun and Sand Resort”, que sinceramente no Brasil, não seria considerado um 5 estrelas – acho importante registrar isso, os quartos são simples, a cama é boa (e os 3 travesseiros também – fator esse pra mim raríssimo e fundamental), o chuveiro é temperamental – você ta tomando banho, a água ta morna e de repente um jato de água gelada – ou vice versa. Bom, vou ficar por aqui, parar de assistir BBC, e tentar dormir, daqui a pouco o dia amanhece e quero tentar caminhar e me preparar física e espiritualmente para outro dia duro de trabalho, que Oxalá sobre tempo para a piscina.

Um comentário:

Qualquer Um (Bigduda Nobody) disse...

caro

o seu txto tá mto legal...nao precisará nem fazer relatório p/ o chefe, é só mandá-lo ler o blog:-)
1 ab
edu

PS- vê se tira estyas letrinhas irritantes p/mandar comentario e permite comentario anonimo ou eu nao volto :-)